quarta-feira, 9 de abril de 2008

Doença Venos Esclarecimentos

DOENÇA VENOSA E ÚLCERA DE PERNA



Informação:
As pessoas poderão cuidar melhor de sua saúde, se aprenderam o que está ocorrendo em seu corpo. Para os portadores de moléstia das veias e ulceras de perna, é fundamental conhecer os mecanismos da circulação e saber o que ocorre quando as veias estão doentes. A partir de então, poderão auxiliar no tratamento e aprender como controlar o problema para toda a vida.


Conhecendo a Circulação do Sangue
O coração é uma máquina de músculos muito fortes, que bombeia o sangue com grande pressão. O sangue sai do coração é levado pelas ARTERIAS para todo o corpo e trazido de volta pelas VEIAS. Nas pernas, temos três tipos de veias:

1- As superficiais, são as que estão próximas da pele.
2- As profundas, também chamadas de internas, sãos as que estão envolvidas pelos músculos ( responsáveis pela volta de 90% do sangue ao coração ).
3- As perfurantes que unem as duas anteriores.

Um coração nas Pernas
Quando estamos deitados e principalmente com as pernas para o alto, o sangue volta facilmente pelas veias. Mas de pé, ele tem dificuldades para voltar ao coração. A natureza criou dois mecanismos para facilitar a volta do sangue:

1- As veias possuem dezenas de pequenas válvulas que deixam o sangue “subir” para o coração mas não deixam voltar os pés.
2- A musculatura da perna, quando caminhamos corretamente, funciona como uma máquina que bombeia o sangue de volta como se fosse um coração nas pernas.








Doenças nas veias do membro inferior
Basicamente duas doenças podem ocorrer nas veias das pernas:

1- A dilatação das veias superficiais, que é chamada de VARIZES, na maioria das pessoas não causa problema sérios.
2- O entupimento das veias profundas, chamado de TROMBOSE ( talho de sangue ).

O que são varizes?
Varizes são veias dilatadas e tortuosas, sem função, que aparecem nas pernas. Além de feias, as varizes causam sintomas como; dor, peso nas pernas, cãibras, formigamento e inchaço, que aumentam no final do dia de trabalho e, nas mulheres, durante o período menstrual. Também, dependendo do tratamento e do tempo de evolução, podem acarretar complicações tais como manchas escuras na perna, inflamação, flebite e até úlceras varicosas.


Como adquirimos as varizes?
Na maioria das vezes, são de origem desconhecidas e apresentam caráter hereditário ( familiar ), que causa uma “fraqueza” congênita da parede dos vasos. No entanto, outros fatores estão envolvidos no seu aparecimento mais precoce, na determinação da intensidade dos sintomas e na progressão da doença. Dentre estes fatores, estão o uso de hormônio ( especialmente pílulas anticoncepcionais ), a gravidez, a falta de exercícios físicos e as profissões que obrigam o indivíduo a permanecer de pé, parado, ou sentado com as pernas para baixo ( cabeleireiros, garçons, balconistas, dentistas, secretárias, donas de casa etc. ).

A porcentagem de pessoas portadoras de varizes é muito elevada?
Sim, e varia entre os países. No Brasil ocorre em 35% das pessoas acima de 45 anos, sendo mais freqüentes em mulheres. O número aumenta com a idade. Entre os 30 e 40 anos, atinge 3% dos homens e 20% das mulheres, aos 70 anos, 70% dos indivíduos apresentam algum tipo de varizes.

Porque são mais comuns as varizes nos membros inferiores?
Porque o sangue venoso segue do pé em direção ao coração e, daí, para os pulmões para ser oxigenado, e retornar aos tecidos para nutri-los. Nos membros inferiores circula contra a ação da gravidade e contra a pressão do abdômen, exigindo condições para evitar o refluxo sangüíneo, isto é, que o sangue que já subiu não desça novamente.










Existem condições que favorecem o aparecimento de varizes?
Sim e são denominadas fatores de risco. As condições que favorecem o aparecimento das varizes são:
- Predisposição genética ( hereditária, que faz com que o indivíduo já nasça com tendência ).
- Gestação ( o risco é tão maior quanto maior é o número de gestações ).
- Obesidade
- Permanência por longas horas em pé ou sentado
- Falta de exercícios físicos
- Uso de anticoncepcionais
- Constipação intestinal
- Tabagismo
- Trombose venosa (entupimento de veias profundas)

O que sente o paciente?
As principais queixas são:
- Edema ( inchação ) no tornozelo
- Sensação de perna cansada e pesada
Todas essas queixas se acentuam no final do dia, sobretudo quando se permanece longas horas em pé ou sentado, no calor, nas mulheres na época menstrual ou durante a gestação.

Como se tratam as varizes?
O tratamento clínico envolve o combate ao excesso de peso nos pacientes obesos, a orientação de atividades físicas, elevação das pernas nos períodos de descanso e o tratamento de doenças concomitantes que possam influir no desenvolvimento de varizes (Ex.: diabetes), além do uso de meias elásticas.
Existem, também medicamentos naturais que facilitam a circulação do sangue e aliviam os sintomas.
A escleroterapia, ou seja, a injeção de substâncias esclerosante nas varizes pequenas é eficaz, indolor, não interfere com as atividades cotidianas do paciente e, quase sempre é isenta de efeitos indesejáveis quando executada por profissional capaz e habilitado.
Para as varizes maiores, existe a possibilidade da realização de cirurgias que, hoje em dia, é feita de forma muito mais segura que antigamente sendo quase sempre realizada sob aplicação de anestesia local e através de microcortes na pele que requerem pontos para cicatrização.

Como se faz o planejamento cirúrgico?
Para realizar corretamente uma operação de varizes, o cirurgião deve, antes da operação, marcar na perna da paciente, com tinta adequada, nos pontos onde vai fazer os cortes e o trajeto das varizes que vai retirar – é o mapeamento dessas varizes -, necessário à boa execução de seu trabalho.






Em que consiste a operação?
Na retirada das veias varicosas através de pequeníssimas incisões ( cortes ) com a ajuda de agulha de “crochê”. Na virilha, no joelho ou onde houver uma veia muito calibrosa, o corte é maior e há necessidade de pontos para fechá-lo. Mesmo assim, a cicatriz, na grande maioria dos casos, é imperceptível.

As veias retiradas não vão fazer falta? Quais os riscos da operação?
As veias que são retiradas por estarem doentes, não colaboram na circulação, ao contrário, sua retirada causa melhoria nas condições circulatórias da perna, aliviando os sintomas, melhorando a estética e prevenindo as complicações da evolução do processo varicoso.
Risco existe em qualquer ato operatório, mas é praticamente zero, sobretudo hoje com as modernas técnicas e cuidadoso exame pré-operatório. Examina-se o paciente, não apenas as suas pernas.

O que são teleangectasias?
Vasinhos muitos superficiais, vermelhos ou azulados, muito finos e que podem chegar a um milímetro, geralmente ramificações que se assemelham a teias de aranha ou a raizes de plantas. São também conhecidas como microvarizes.

Como são tratadas?
O tratamento das teleangectasias é feito pela escleroterapia.
Existem vários agentes esclerosantes, os agentes osmóticos, entre eles a glicose hipertônica, os agentes detergentes, como o oleato de etanolimina, o polodocanol, e os agentes irritantes químicos, como a glicerina crômica.

Como se faz escleroterapia?
Usando-se agulhas descartáveis, seringas descartáveis, ou de vidro desde que esterilizadas corretamente. O número de picadas não indica melhor qualidade de tratamento, o importante é a quantidade de esclerosante injetado por sessão.

Quais as intercorrências que podem surgir no curso de um tratamento com esclerosante?
Quem se submete a um tratamento desse tipo visa principalmente o lado estético. Não obstante, por mais prudente que o especialista médico seja, podem ocorrer:
- manchas hipercrônicas, bolhas ou fictenas;
- necroses cutâneas (ferida) que deixam marcas e são de demorada cicatrização. Felizmente são eventualidades raríssimas.









Há outros tipos de tratamento?
As teleangectasias, principalmente as localizadas no nariz e outros locais da face, bem como nos membros inferiores, podem ser tratadas com sucesso por meio de eletrofulguração. Podem também ser tratadas por fototermólise, que é a destruição das mesmas pela energia luminosa, com aparelhos a laser ou PHOTODERM, acoplado ou não ao VASCULIGHT, ou mais recentemente o DIOLITE.
Esses outros tipos de tratamento não substituem a escleroterapia química. Também não estão isentos de intercorrências.

O que é Trombose?
Geralmente o sangue se coagula quando sai do vaso, por ferimento do mesmo e escoamento do sangue para o exterior. Quando a coagulação acontece dentro do vaso, provoca uma “rolha de coágulos” que endurece e forma o trombo. A essa formação do trombo chama-se trombose.
Ocorre trombose nas artérias, linfáticos e veias, mas aqui vamos falar da que ocorre nas veias, TROMBOSE VENOSA, sobretudo nas das veias das pernas, onde ela é mais freqüente.

Que tipos trombose existem nas veias das pernas?
As superficiais, que habitualmente acometem as veias varicosas – varicotrombose ou varicoflebites – têm boa resolução seja clínica, seja cirúrgica.
A trombose venosa profunda (TVP) atinge veias que estão no compartimento muscular e é doença grave.

Quais são os riscos da trombose?
Descolocar-se todo o trombo ou sua parte superior e seguir o curso do sangue para o coração e para o pulmão. Isso chama-se Embolia Pulmonar (EP) e pode ser fatal.
Outro risco é a progressão do trombo nas veias profundas, fixando-se nas paredes, lesando-as, bem como as válvulas. O segmento afetado transformado em tubo rígido não impulsiona bem o sangue, as válvulas não funcionam e há estase (parada) venosa devido ao refluxo chamado de síndrome pós-trombótica.

Porque ocorre a TVP?
Devido a vários fatores chamados de risco – há os genéticos e os adquiridos. Esses fatores agem pela estase, pela lesão da parede da veia e por fatores do próprio sangue.
Observa-se com mais freqüência TVP nos pacientes acamados por longo tempo, nas mulheres que tomam pílula anti-concepcional ou fazem uso de hormônios para menopausa, nos velhos, nos operados, nos varicosos e naqueles que já tiveram TVP.

Como evitar a TVP?
- Levantar e andar precocemente após operações;
- Movimentação passiva e ativa das pernas, nos acamados;
- Compressão pneumática com uso de aparelhos, no pré-operatório;
- O uso de meias adequadas no pré e pós operatório;
- O uso de uma droga chamada heparina.


Como se faz o diagnóstico?
O diagnóstico de TVP ainda é difícil em certos casos e algumas exames são necessários para firmá-lo o Duplex scan venoso colorido, que não é invasivo, isso é, não agride a veia, bem como a Pletismografia diagnosticam grande número de casos. Melhor que o Duplex é a Ressonância Nuclear Magnética. Mas em algumas situações é a Flebografia que faz o diagnóstico (invasivo e com contraste).

Como se trata a TVP?
Usando heparina, mas em doses diferentes conforme o caso e o paciente, de modo contínuo gota na veia e com controle laboratorial que permite ajustar a dose ideal para cada doente. Outra forma de uso da heparina é pela via subcutânea.
A heparina, no entanto, não é o único anticoagulante disponível. Há os anticoagulantes orais que dão continuidade ao tratamento.

Há outros tratamentos para TVP?
Sim, o uso de medicamentos fibrinolíticos, isso é, que destroem o trombo. São, porém, pouco usados pelo seu alto custo e devido a reações alérgicas que podem provocar. Há também o tratamento operatório, que promove a retirada do trombo. É usado em casos especiais, como aqueles de TVP com risco de gangrena.
Após esse tratamento o uso de heparina se impõe.
Há, ainda, o tratamento endovascular, com a colocação de filtros na maior veia e mais próxima do coração que é a cava inferior. Esses filtros deixam escoar o sangue, mas impedem dos trombose para o pulmão.

Quando devemos tratar?
Qualquer veia varicosa deve ser tratada! Não só para tornar as pernas mais bonitas e saudáveis mas, principalmente, para aliviar os sintomas e evitar complicações. Desta forma, é errado o pensamento de que primeiro a mulher deva engravidar para depois procurar um tratamento. Pelo contrário, as mulheres com tendências a desenvolverem varizes devem fazer acompanhamento médico, principalmente durante a gravidez, para prevenir o aparecimento de sintomas desagradáveis.

Como surgem as úlceras?
Quando as válvulas das veias deixam de funcionar, o sangue tem dificuldade de retornar ao coração, provocando o inchaço das pernas.
Ao longo dos anos da doença, a perna pode ficar mais escura na parte inferior, a pele endurecida e aprecem feridas perto do tornozelo. Elas são muito difíceis de cicatrizar principalmente enquanto a perna estiver com inchaço.







Tratamento da ferida das pernas
A cicatrização é um fenômeno natural. Não depende de pomadas, ervas e benzimentos. Basta lembrar que em uma cirurgia, onde não houve problemas de infecção, uma semana depois podemos tirar os pontos, pois o corte está cicatrizado.
O mesmo acontece com a úlcera da perna. Se o paciente mantém a ferida limpa, ou seja, sem INFECÇÃO, e a perna SEM INCHAÇO, ela cicatriza. E para não inchar é necessário permanecer em repouso absoluto com as pernas elevados, muitos dias.


Cuidados para toda a vida
A cicatrização da úlcera não significa a cura definitiva da doença. As válvulas continuam com problema. É o inchaço que provoca as úlceras. E para evitá-lo é necessário que, após a cicatrização se utilize meias elásticas de alta compressão que protegem a perna, evitam o inchaço e a volta da ferida.


Quem tratar?
Como cada caso é um caso, procure seu médico. Ele é a pessoa indicada para orientá-lo adequadamente.

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